40 anos de Rede Manchete: Como a imprensa documentou a estreia da estação

Hoje é 5 de junho e há exatos 40 anos atrás estreava a Rede Manchete de Televisão. Para marcar a data vou trazer alguns recortes sobre a estreia da emissora. 

Antes irei trazer um breve resumo no contexto. A TV Tupi foi extinta em julho de 1980 e o governo da época do general João Figueiredo abriu logo depois licitação para a concessão dos canais, assunto que postei aqui na ocasião dos 40 anos do SBT e o link está aqui: https://tvembrasilia.blogspot.com/2021/08/como-imprensa-documentou-o-processo-das.html. Na época Silvio Santos e Adolpho Bloch venceram a licitação com Silvo ficando com quatro canais e Adolpho com três.


Inicialmente a Manchete entraria no ar em 29 de maio de 1983, mas problemas técnicos adiaram em uma semana o lançamento oficial que foi no dia 5 de junho e a revista Manchete trouxe na edição de 4 de junho anúncio de página dupla chamando todo mundo a assistir a grande estreia.


Na edição seguinte datada de 11 de junho um suplemento de 24 páginas apresentou a emissora aos brasileiros mostrando toda a estrutura com equipamentos e a programação.

No domingo 5 de junho a Manchete finalmente entraria no ar por volta das 7 da noite com o show de inauguração O Mundo Mágico, mas nem tudo saiu no script. Segundo matéria do Jornal do Brasil reproduzida acima houve uma falha técnica no áudio que atrasou em alguns minutos o show, logo depois veio a saudação de Adolpho Bloch às coirmãs. O espetáculo dirigido pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos trouxe dezenas de atrações musicais como Blitz, Sergio Mendes, Paulinho da Viola, Roupa Nova entre outros além de números de dança com Ana Botafogo, o espanhol Fernando Bujones e o corpo de baile da emissora e um VT do jogo entre Flamengo e Santos realizado uma semana antes com narração de Paulo Stein. Logo depois entrou no ar o filme de ficção científica Contatos Imediatos do Terceiro Grau de Steven Spielberg e o prefixo sonoro usado pela nave para se comunicar com os extraterrestres foi usado nos primeiros anos de existência, da mesma forma a Tupi usou esse prefixo em 1978.

Na matéria do JB o Ibope da estreia ficou na casa dos 22 pontos e a Globo foi líder com 42 mesmo com o Fantástico no ar e nesse dia o dominical trouxe o clipe de Beat it de Michael Jackson, então inédito no país. 

No Estadão a cronista na ocasião Liane Alves falou em tédio por causa da duração do show inicial e aqui reproduzo a crítica.

Claro que Manchete deu destaque à inauguração em matéria inicial da edição do dia 18 de junho. Apenas a lamentar o descaso da Abril que há dois anos acabou com o acervo da revista Veja numa tremenda falta de respeito com os poucos leitores que restaram da decadente publicação pois queria pegar a página em que a revista fez a crítica sobre a estreia da emissora.

Lembrando que Brasília só viu esse show cinco semanas mais tarde quando a TV Nacional exibiu a atração que marcou a chegada da Manchete à Brasília e esse assunto já abordei aqui. A Nacional transmitiu a Manchete até junho de 1985, depois a TV Brasília foi afiliada até a extinção em 1999.

A programação da emissora passou a ser publicada na edição de 9 de julho da Manchete e por cinco anos ocupou a última página da revista, aqui trago a primeira publicação. No seu período inicial a emissora iniciava sua programação às 5 da tarde, pouco tempo depois passou a entrar no ar ao meio dia.

E aqui trago parte do show de inauguração com quase 2 horas de duração.

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2 Comentários
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O primeiro slogan da Rede Manchete foi "A Televisão do ano 2000" mas ironicamente a emissora não passou de 1999.
Êgon Bonfim disse…
Faltou a matéria da Folha de São Paulo, que relatou o faturamento de Cr$ 900 milhões da Manchete com os comerciais na noite de estreia. A história da estreia dessa emissora é fascinante e deve servir de referência para futuras emissoras, se é que a TV aberta poderá sobreviver a digitalização audiovisual, encarando-a com visível relutância. É uma pena que não exista a gravação do programa completo de estreia à disposição de todos nós. Quem nos dera algum canal do YT nos convidar para uma live, Kleber, como tantos outros por todo o Brasil que testemunharam e presenciaram a Manchete em seus redutos nesses 40 anos caso ela ainda estivesse no ar. Eu em São Paulo, você abordando a afiliação da TV Brasília (e os primeiros anos da TV Nacional), um outro em Porto Alegre, um outro em BH e mais outro no Nordeste. Mas eu lamento esse chá de sumiço que a Editora Abril aplicou no acervo da Revista Veja "exclusivamente para assinantes". Eu lembro quando esse acervo surgiu, eu via todo dia nos computadores da faculdade quando eu não tinha internet aqui em casa para ver as reportagens sobre televisão. E faz uma tremenda falta. Isso é o que dá em fazer jornalismo militante (isso em qualquer veículo de comunicação), sai os puxa-sacos de um e entra o fã-clube do outro. Isso dá raiva.