Hoje faz exatamente 40 anos da estreia de uma novela que começou em uma emissora e terminou em outra e que acabaria sendo a pá de cal na história da Tupi.
Na noite do dia 28 de janeiro de 1980 a Rede Tupi estreava a novela Drácula, uma História de Amor. A novela teve apenas quatro capítulos exibidos.
Drácula entrou pra história da televisão brasileira por começar em uma e terminar em outra emissora. Para entender tudo isso vale lembrar que a Tupi entrava em 1980 em estado pré falimentar. A sequência de greves e salários atrasados minava cada vez mais a pioneira que mesmo assim seguia produzindo novelas. Além de Drácula o canal chegou a produzir Maria Nazaré, novela que nunca foi ao ar mesmo tendo cenas gravadas. A novela foi escrita pelo saudoso Rubens Ewald Filho, mas quem teve a ideia de trazer o vampiro foi o também saudoso diretor Walter Avancini. Segundo o site Teledramaturgia de Nilson Xavier a ideia surgiu quando Avancini constatou o sucesso do personagem interpretado pelo ator americano Frank Langella na Broadway em Nova York, com a ideia na cabeça Avancini levou para a Tupi e chamou o supervisor Alvaro de Moya e Rubens Ewald ficou encarregado de escrever a trama, justamente quando enfim conseguia emplacar uma trama a Tupi se encontrava perto da falência. Mesmo assim ele foi em frente. Três dias antes da estreia mais uma greve na rotina da época do canal, desta vez quem entrava em greve eram artistas, técnicos e jornalistas por não receberem os salários de dezembro de 1979 e também nesse dia Walter Avancini foi demitido e substituído por Atíllio Riccó, por isso os jornais da época sequer divulgavam a programação. A novela estreou no dia 28 e foram exibidos apenas quatro capítulos. A greve ficou mais intensa e a solução da emissora foi reprisar os capítulos que já foram exibidos, diziam eles a pedido do público, mas tudo isso era uma desculpa para tentar burlar a crise, não deu certo. No dia 6 de fevereiro a novela foi encerrada, dias depois foram exibidas novas reprises até que o departamento de dramaturgia foi extinto no dia 22 de fevereiro, antes no dia 12 todos os artistas do departamento foram demitidos. Apesar de tudo havia esperanças de que a novela emplacasse em audiência. No dia 1º de fevereiro em sua coluna na Folha de s. Paulo a colunista Helena Silveira dizia que em dois capítulos criou - se um clima de atmosfera e muito cedo o vampiro irá degringolar pelos abismos do ridículo. Falando da novela a trama girava em torno do Conde Drácula deixar a Transilvânia e ir ao Brasil procurar pelo seu filho Rafael. Ele o reencontra, mas se apaixona por Mariana que seria a reencarnação de Hannah, seu amor do passado. No elenco Rubens de Falco fez o papel do Conde, Carlos Alberto Riccelli fez Rafael, Bruna Lombardi fez Mariana, Isabel Ribeiro fez o papel de Hannah e Cleyde Yáconis fez o papel de Dona Marta. A novela seria refeita, agora na Band sob o título de Um Homem Muito Especial que estreou três dias depois do fim da Tupi em 21 de julho de 1980 com praticamente o mesmo elenco e a mesma direção de Atílio Riccó e supervisão de Walter Avancini. A novela foi reescrita e ficou no ar até fevereiro de 1981 sem grande repercussão. A música de abertura na versão da Tupi era Synergy da banda Classical Gas e na versão da Band o tema de abertura foi assinado por Fafá de Belém.