40 anos de um dia tenso nas emissoras de TV, o dia da censura na votação das Diretas

Hoje faz 40 anos que a emenda que restabelecia eleições diretas foi rejeitada e já está no ar postagem no Contando a História sobre o tema. Aqui no TV em Brasília vamos trazer como as emissoras de televisão se viraram naquele 25 de abril de 1984.

O governo de João Figueiredo resolveu impor medidas de emergência e os meios de radiodifusão sofreram com a censura imposta. Sob ordens do Dentel nenhuma empresa de radiodifusão transmitiu notícias diretas de Brasília. As emissoras daqui, na época eram 4 canais tiveram que se virar.



Segundo matéria do Correio Braziliense reproduzida acima havia clima de incerteza. A TV Brasília que era retransmissora do SBT na época perdeu todo o material gravado. O então diretor de jornalismo do SBT, Carlos Henrique, recentemente falecido passou duas horas no Dentel e todo o material jornalístico de 15 minutos que seria usado no Noticentro foi perdido e censurado, na TV Nacional que retransmitia a Rede Manchete o clima de tensão e auge foi atingido às 18 horas do dia 25 de abril quando uma equipe da emissora foi detida na Esplanada dos Ministérios e o medo tomou conta de todos na redação da Manchete, na antiga TV Capital a redação ficou muda e na TV Globo pra começar o Bom Dia Brasil que era gerado de Brasília teve de ser transferido às pressas pra Belo Horizonte. Um slide com o nome do programa entrou no ar e um locutor explicou aos telespectadores os motivos da não transmissão e assim como o Bom Dia Brasil o DF TV primeira edição e o Jornal Hoje não foram transmitidos pra Brasília na hora do almoço, a exceção foi o Globo Esporte. Durante aquele dia havia tensão para a entrada ou não do noticiário de Brasília no Jornal Nacional. A edição daquele dia foi mutilada e durou metade do tempo da época, 15 minutos. Segundo matéria do jornal O Globo do dia 26 de abril de 1984 a TV Globo enviou 16 reportagens e cinco delas foram devolvidas, nenhuma foi ao ar e a TV Manchete teve cinco fitas e uma devolvida e censurada.

Em São Paulo a TV Gazeta ficou quase 24 horas fora do ar tendo seus transmissores lacrados devido à divulgação de programa político sem censura prévia. Segundo matéria do jornal O Estado de S.Paulo a Gazeta ficaria três dias fora do ar, mas o lacre foi rompido horas depois da lacração. Na mesma matéria trechos de um diálogo entre o então vice-governador paulista e já falecido Orestes Quércia e um repórter. 

Como vimos a TV brasileira jamais esquecerá o dia que foi notícia devido à censura imposta nos estertores da ditadura e que as lições foram aprendidas.

Postar um comentário

2 Comentários
* Por favor, não spam aqui. Todos os comentários são revisados ​​pelo administrador.
Êgon Bonfim disse…
A gente não pode esquecer, Kleber, que no dia anterior, foi levado ao ar uma edição histórica do Jornal da Globo em sinal de protesto contra a censura do noticiário direto de Brasília. Repleto de metáforas, a dupla de apresentadores estavam usando adereços de cor amarela, cor das Diretas. Leilane Neubarth (com um bóton das Diretas) abriu o jornal dizendo: "Jornalistas protestam contra a Censura. (pausa) No Chile". E Eliakim Araújo (trajando uma gravata amarela) complementa: "E a inflação continua caíndo. (pausa) Nos Estados Unidos". O melhor momento foi a crônica de Jô Soares em que ele aciona um cronômetro por 30 segundos, olha fixo e sério pra câmera sem dizer uma única palavra, sendo esse o desfecho do telejornal, que até agora o Pedro Janov não o encontrou (ou seria receio do "robozinho" do YT?). O canal da Globo no YT poderia publicá-lo na íntegra!
Kleber Nunes disse…
Bem lembrado Êgon. Me esqueci, mas foi sem dúvida nenhuma um dos melhores momentos do telejornalismo em 1984 e quem sabe um dia não aparece no YouTube se o robozinho permitir.