Nos últimos dias o noticiário de TV tem sido agitado com demissões aos borbotões, mas o que quero abordar aqui é a força da igreja que usa a televisão para evangelizar os fiéis e ao mesmo tempo diminui espaços em canais. A TV Gazeta, emissora que é a cara de São Paulo está definhando aos poucos pois tem poucos recursos para gerir programação própria e por conta disso tem de vender horário e agora terá sua programação matinal tomada pelos telecultos da Igreja Universal do Reino de Deus que já é dona da programação noturna a partir das 20 horas. A mesma igreja do bispo Edir Macedo que é dona da RecordTV e que ocupa 22 horas de programação da CNT agora amplia seu poder na TV e com isso a situação que já era de crise ficará ainda pior. O canal da Fundação Cásper Líbero tem de renegociar contratos e a apresentadora Regina Volpato não concordou em reduzir seu salário em 20% e pediu demissão da Gazeta onde estava há cinco anos à frente do Mulheres. Com o loteamento a programação da manhã sofrerá alterações e o Revista da Cidade apresentado por Regiane Tápias deverá ser extinto e a apresentadora poderá ser a substituta de Regina junto de Pamela Domingues que é filha da supervisora de programação do canal. Aliás a Gazeta tem apenas como programas ao vivo o Mulheres, o Gazeta Esportiva, o Jornal da Gazeta e o Mesa Redonda aos domingos, o resto são atrações loteadas.
Não é novidade a IURD ocupar tanto horário e nem sempre dá audiência. A CNT que o diga. A emissora paranaense viveu nos anos 90 o seu auge quando ela e a Gazeta formavam uma parceria que chegou a incomodar a concorrência, mas desde que se separaram em 2000 cada uma teve um rumo diferente e desde 2014 quando a IURD assumiu o controle tomando 22 horas diárias da programação o canal virou palco para os telecultos da igreja, antes a mesma IURD loteou 22 horas de programação da Rede 21 que nos anos 2000 chegou a formar uma rede de TV e que teve a TV Brasília como afiliada. Nossa legislação que é falha e caduca permite esse tipo de coisa já que a CNT é uma concessão pública de radiodifusão e assim os canais vão perdendo relevância. Será uma pena se a Gazeta não conseguir sair da crise financeira que sufoca o canal há anos, mas o que não dá pra aceitar é a proliferação do evangelismo barato com o intuito de abocanhar fiéis, pois o que penso disso é que enquanto não houver uma regularização firme dos meios de radiodifusão vamos ver emissoras morrendo em nome da religião.