OPINIÃO: Crônica anunciada de um fracasso, o naufrágio da CNN brasileira

CNN Brasil realiza demissões e fecha redação no RJ para readequar custos

Sei que o blog fala sobre a televisão de Brasília, mas não poderia deixar de emitir minha opinião sobre o passaralho feito pela CNN que só ontem demitiu 120 profissionais com o intuito de cortar custos. Segundo o site Notícias da TV as demissões foram para economizar R$ 5 milhões, tudo com o objetivo de enfim decolar na audiência já que nos números do Painel Nacional da Televisão a emissora está atrás da até outro dia bolsonarista Jovem Pan News no segmento de canais de notícias, pois a líder é a GloboNews. Lembrando que a Jovem Pan News também teve de cortar recentemente na carne promovendo demissões pra tentar limpar sua imagem na opinião pública por ser apoiadora do presidente que deixará o poder daqui a 29 dias.

Passados quase três anos o projeto encampado por Rubens Menin dá sinais de que irá ruir a qualquer momento. Quando todo mundo apostava que a filial brasileira do canal de notícias criado por Ted Turner em 1980 repetiria o sucesso da sede americana com uma postura independente vejo que fizeram o contrário, deram passos maiores que a perna. Para começar veio da Record Douglas Tavolaro que mudou a cara do jornalismo no canal do bispo Edir Macedo e trouxe junto um grandioso projeto trazendo o know-how adquirido no chamado jornalismo verdade da Record, mas como todos sabemos o jornalismo da Record sempre foi pautado no sensacionalismo. O canal foi à busca de profissionais qualificados e pagou altos salários. Nomes como Reinaldo Gottino que era o "cara" da Record por conta do sucesso que fazia no Balanço Geral, Evaristo Costa que fez muito sucesso no Jornal Hoje, Monalisa Perrone que estava cansada na época que fazia o Hora 1 de acordar de madrugada, William Waack que precisava limpar sua imagem depois do escandaloso caso de racismo entre outros foram seduzidos pela promessa de crescimento profissional.

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Ainda vieram Taís Lopes que fez um enorme sucesso quando figurou na bancada do Jornal Nacional no rodízio histórico das comemorações dos 50 anos do telejornal, Cris Dias que sequer estreou programa na emissora e tantos outros. 

O canal teve seu lançamento adiado por várias vezes e só foi estrear em 15 de março de 2020, justamente quando explodiu a pandemia do novo coronavírus e isso acabou sendo o grande teste para colocar em prática o projeto ambicioso. Logo nos primeiros dias despontou Gabriela Prioli que no Grande debate fez Gottino ficar calado. Ela acabaria virando estrela do entretenimento. Logo depois Gottino deixou a emissora voltando pro Balanço Geral. 

Depois vieram as sucessivas mudanças na programação,chegaram novos profissionais como Márcio Gomes e Glória Vanique. Foi então que Menin resolveu agir e comprar as ações de Tavolaro que se afastou um ano depois da inauguração. Com a chegada de Renata Affonso a CNN mudou sua postura trazendo programas soft, com o objetivo de tornar o canal leve, mas o tiro saiu pela culatra. Os custos aumentaram, a audiência caiu, saíram profissionais como Evaristo Costa, demitido de forma deselegante, Alexandre Garcia que difundia fake news sobre a Covid-19 e a solução foi cortar na carne mais uma vez. Renata Affonso deixou o canal em outubro deste ano e assumiu João Camargo que resolveu dar o choque de gestão ontem com as demissões em massa. 

Sobre a linha editorial a CNN teve uma postura mais simpática a Jair Bolsonaro, se comparado a GloboNews. Depois da derrota de Bolsonaro a CNN adotou uma postura mais crítica ao presidente eleito, por isso o canal resolveu cortar custos e dispensar profissionais, dentre eles a Monalisa Perrone que tinha ainda um ano de contrato e a emissora preferiu não arcar com a multa rescisória. Outras demissões podem vir por aí nos próximos dias em razão da questão financeira. Equilibrar os custos não será nada fácil, é preciso equalizar audiência com gastos e se isso não vem a morte financeira é inevitável, por isso temo pelo naufrágio do canal. Fica aqui minha solidariedade às 120 pessoas que perderam o emprego às portas do final do ano e torço para que se recoloquem no mercado o mais rápido possível, pois não é fácil encarar um passaralho tão impactante como este.

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