Hoje a máquina do tempo volta exatos 32 anos no tempo. Vamos voltar ao dia 30 de março de 1987, naquela segunda feira estreava na extinta Rede Manchete a novela Corpo Santo.
Escrita por José Louzeiro em parceria com Cláudio Mac Dowell e Wilson de Aguiar Filho a trama foi divulgada como novela - reportagem sobre o submundo do crime, como consta em anúncios em jornais e revistas da época, um deles de página inteira reproduzido acima do Correio Braziliense do dia 29 de março, véspera da estreia. Na chamada de divulgação chama atenção o slogan: Diferente de tudo que você já viu. Na outra chamada que foi publicada no dia da estreia ocupando metade da página e em fundo preto aparecem os personagens principais da trama. Um outro anúncio abaixo em formato de meia página gigante e em fundo preto publicado em 10 de maio trazia um slogan: Fique de olho nesse corpo. Esse mesmo anúncio foi publicado em outros dias em formato reduzido.
A novela foi dirigida pelo saudoso José Wilker que saiu da Globo e adotou o pseudônimo de João Matos, coincidência seria o nome de personagem depois em O Salvador da Pátria, novela da Globo de 1989, mas aqui o assunto é TV Brasília/Rede Manchete. No elenco os personagens principais foram interpretados por Reginaldo Faria (Téo), Christiane Torloni (Simone), Sérgio Viotti (Grego), Lídia Brondi (Bárbara), Jonas Bloch (Russo) e Sílvia Buarque de Holanda (Lucinha) dentre outros nos quais podemos citar o então iniciante Marcelo Serrado, atualmente no ar em O Sétimo Guardião no papel de Carlinhos. José Wilker além de dirigir a trama fez participação especial nos primeiros capítulos como Ulisses e Maitê Proença como Adriana. Os dois gravaram em Los Angeles as cenas iniciais da trama como consta em matéria de capa da revista Manchete (nº 1821 de 21 de fevereiro de 1987, p. 108-113). Na reportagem o título fala do encontro de Roque Santeiro com Dona Beija, personagens anteriores à este trabalho e mostra os bastidores das gravações, só que o clima não foi dos bons durante o andamento da trama. A personagem de Christiane Torloni foi morta devido à briga da atriz com a direção fazendo com que Lucinha virasse protagonista da trama. O eixo principal era relativo à guerra entre as quadrilhas de Téo e Grego num surpreendente paralelo com a realidade da época no Rio onde o tráfico de drogas e a disputa pelo poder começavam a ganhar as manchetes dos jornais num caso até hoje insolúvel, pois o então governador da época Moreira Franco que recentemente foi preso na Lava Jato prometeu em 100 dias acabar com o crime, mas fracassou. Para Wilker a experiência foi considerada inovadora e boa parte era inspirada em fatos reais e algumas cenas eram feitas no calor dos acontecimentos como se fosse ao vivo.
A novela foi ao ar entre 30 de março e 2 de outubro de 1987 em 161 capítulos e foi reapresentada duas vezes: em 1988 e 1993. A trilha sonora com dois discos foi produzida pela primeira vez por uma empresa do grupo Bloch em parceria com a RCA/Ariola. Na trilha nacional estavam pesos pesados da MPB que eram figurinhas carimbadas das paradas de sucesso das rádios como Raimundo Fagner, Tim Maia, Simone, Lulu Santos, Engenheiros do Hawaii, Joanna, Fevers, João Bosco, Titãs e Roupa Nova que assina o tema de abertura, Seu lugar no mundo. Já a trilha internacional teve Alan Parsons Project, Kenny Rogers, Spandau Ballet e Gregory Abbott entre outros. A empresa distribuidora de doces Campineira era quem patrocinava aqui em Brasília a trama.